sexta-feira, 12 de abril de 2013

ESPORTES RADICAIS E SUAS PECULIARIDADES


Sabemos que há, não só no Brasil como no mundo, muitos esportes radicais que são praticados de forma ilegal, no que se diz respeito à legislação que rege as praticas desportivas em todo o mundo.

Seria muito fácil apontar culpados e puni-los, porém não é bem assim que a banda toca, pois não são apenas os radicais que sofrem com isso, uma vez que é explícita a falta de apoio e regularização legal de muitos esportes, pois infelizmente quem manda no mundo capitalista é o dinheiro e, sendo assim, onde há retorno financeiro há patrocínio, legislação e tudo aquilo que faz bem ao bolso dos organizadores. Caso contrário, não há incentivo algum.

O que podemos perceber é que independente de todo este descaso, os praticantes dos esportes radicais não deixam de praticá-los, pois o fazem por amor e prazer à adrenalina e à satisfação da boa manobra realizada.

A CBER (Confederação Brasileira de Esportes Radicais) procura dar suporte a estas praticas desportivas apoiando-se na lei Federal nº 11.438 de Incentivo ao Esporte e Estadual 13.918 – Artigo 16 – Decreto 55636/10).

Muitos investidores se aproveitam dessas leis para usufruírem do desconto devido na hora de declararem suas rendas, uma vez que os mesmos têm por direito 4% de desconto no patrocínio cultural e 1% no Esporte, totalizando 5% de desconto no imposto devido.

A grande questão aqui é investigar a razão de tais esportes exigirem tanta dedicação física e mental de seus praticantes e mesmo assim serem taxados por muitos como esportes secundários, fazendo com que até mesmo as fiscalizações não deem muita importância para os mesmos, pois a própria mídia não divulga muito esse tipo de prática desportiva. Quando falamos em divulgação é inevitável não retornarmos ao início do texto, onde destacamos a questão capitalista. É óbvio que os veículos de comunicação não vão dar a mínima para esportes praticados de formas digamos até isoladas. Entretanto surge aí surge questão que transcende o esporte e passa a ser social. O capitalismo se interessa apenas pelo que é rentável e ignora tudo aquilo que não gera lucro. Não gera por questões sociais e não por falta de vontade desses atletas altamente preparados, que deveriam presenciar o mínimo de incentivo midiático e financeiro.



Tomemos como exemplo uma brincadeira feita por anos e anos. Quem nunca ouviu a seguinte pergunta: Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Sarcástico ou não, o mais importante é sabermos que o ovo vem da galinha, assim como a galinha vem do ovo. Ou seja, o patrocínio, o incentivo, a profissionalização, o reconhecimento da massa só vem quando há destaque nas mídias, assim como as mesmas só dão espaço para o que acham que estão em alta. Mas sabemos que se todo este contexto andasse de “mãos dadas” teríamos aí o casamento perfeito e os “filhos” desta união estável não só nasceriam cada vez mais e sim “brotariam” de uma forma inexplicável.

Tratamos a pouco da questão social e podemos sustentá-la quando falamos, por exemplo, do MMA. Este esporte que até pouco tempo atrás era taxado como violento passou a ser uma paixão não só nacional como também mundial. E por que tão repentinamente assim? Claro que não foi de repente. Tudo começou quando um atleta extremamente dedicado no que faz, chamado Anderson da Silva, um brasileiro nascido em São Paulo e que muito jovem mudou-se para Curitiba, passou a ganhar seguidamente suas lutas na categoria peso médio, sendo hoje o ainda atual campeão mundial. Obviamente os veículos de comunicação passaram a dar destaque para o mesmo e com isso o esporte expandiu-se de forma absurda, inclusive fazendo com que as mesmas pessoas que tinham tal atividade como violenta, passassem a admirar as Artes Marciais, inclusive matriculando seus filhos em academias para que eles pudessem, quem sabe um dia, chegar aonde “Spider” chegou (apelido carinhoso que recebeu ainda quando criança, em virtude de uma fantasia que ganhou do herói das histórias em quadrinhos Homem Aranha).

Podemos fazer diversas analogias com este caso, como por exemplo o lutador de boxe Popó, o piloto de Formula 1 Ayrton Senna, o tenista Guga, ou até mesmo na música com o fenômeno grupo Mamonas Assassinas, uma banda que surgiu com estilo próprio e mesmo assim manteve um grande destaque e fãs que os exaltam até hoje, mesmo depois de tantos anos da morte de seus integrantes.

Entendemos então que o brasileiro é carente de ídolos e sempre que surge alguém se destacando, independente de sua modalidade, sempre terá espaço no coração de todos nós.
Não é a toa que o Brasil é o país do futebol. Tudo tem sua lógica social para tal. Tanto que hoje em dia já não sentimos a mesma febre de torcedor que sentíamos antigamente, uma vez que a seleção brasileira de futebol vem caindo cada vez mais no que se diz respeito à hegemonia e absolutismo que sempre teve.

Se pedirmos para alguns torcedores escolherem entre assistir a uma partida de futebol de seu clube do coração ou da seleção brasileira, certamente teremos uma diferença esmagadora dos mesmos preferindo seus clubes.

Sabemos que a maioria dos vínculos empregatícios que os poucos profissionais destas atividades possuem são com empresários e patrocinadores particulares.

Diante das assertivas, chegamos à conclusão de que os esportes radicais poderiam ser destacados e legalizados em sua totalidade, pois o que não falta é atleta bem preparado para tal, esportistas de alto rendimento físico e habilidade suficiente para encher os olhos de qualquer espectador, desde que os mesmos tomem conhecimento dessas estrelas, todavia, enquanto houver “vistas grossas” para tais práticas desportivas haverá também a falta de apoio e também fiscalizações suficientes para que haja o mínimo de humanização e proteção aos verdadeiros artistas que praticam os esportes radicais ou esportes de aventura, os chamados “Adventure Sports”.

Anderson Aré

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